Modelo de Hodgkin-Huxley

Componentes básicos de modelos do tipo Hodgkin-Huxley, representando as características biofísicas das membranas celulares.

O modelo de Hodgkin-Huxley, ou modelo baseado em condutância, é um modelo matemático que descreve como potenciais de ação nos neurônios são iniciados e propagados. É um sistema de equações diferenciais não-lineares que se aproxima das características elétricas das células excitáveis, tais como neurônios e miócitos cardíacos. O modelo é um sistema dinâmico de tempo contínuo.

Alan Lloyd Hodgkin e Andrew Huxley descreveram o modelo em 1952 para explicar os mecanismos iônicos subjacentes à iniciação e propagação dos potenciais de ação no axônio gigante de lula.[1] Em 1963, eles receberam o Prêmio Nobel em Fisiologia ou Medicina por este trabalho.

Componentes básicos

O modelo de Hodgkin-Huxley típico trata cada componente de uma célula excitável como um elemento elétrico. A bicapa lipídica é representada como uma capacitância ( C m {\displaystyle C_{m}} ). Canais de íons dependentes da voltagem são representados por condutâncias variáveis ( g n {\displaystyle g_{n}} , em que n {\displaystyle n} é o canal de íon específico) que variam conforme a voltagem e o tempo. Canais de vazamento são representados por uma condutância linear ( g l {\displaystyle g_{l}} - o subscrito l {\displaystyle _{l}} neste caso se refere à leakage, vazamento em inglês). Os gradiente eletroquímicos que conduzem o fluxo de íons são representados por fontes de tensão ( E n {\displaystyle E_{n}} ), determinados pela relação das concentrações intra- e extracelulares das espécies iônicas de interesse. Os canais de vazamento passivo também apresentam seu gradiente eletroquímico ( E l {\displaystyle E_{l}} ). Por fim, bombas de íons são representados pela fonte de corrente ( I p {\displaystyle I_{p}} ). O potencial da membrana é designado por V m {\displaystyle V_{m}} .

Matematicamente, a corrente que flui através da bicapa lipídica é descrita como

I c = C m d V m d t {\displaystyle I_{c}=C_{m}{\frac {{\mathrm {d} }V_{m}}{{\mathrm {d} }t}}}

e a corrente através de um dado canal de íons é o produto

I i = g n ( V m V i ) {\displaystyle I_{i}={g_{n}}(V_{m}-V_{i})} ,

em que V i {\displaystyle V_{i}} é o potencial de reversão do i {\displaystyle i} -ésimo canal de íon. Assim, para uma célula com canais de sódio e de potássio, a corrente total através da membrana é dada por

I = C m d V m d t + g K ( V m V K ) + g N a ( V m V N a ) + g l ( V m V l ) {\displaystyle I=C_{m}{\frac {{\mathrm {d} }V_{m}}{{\mathrm {d} }t}}+g_{K}(V_{m}-V_{K})+g_{Na}(V_{m}-V_{Na})+g_{l}(V_{m}-V_{l})} ,

em que I {\displaystyle I} é a corrente total da membrana por unidade de área, C m {\displaystyle C_{m}} representa a capacitância de membrana por unidade de área, g K {\displaystyle g_{K}} e g N a {\displaystyle g_{Na}} são as condutâncias de potássio e de sódio por unidade de área, respectivamente, V K {\displaystyle V_{K}} e V N a {\displaystyle V_{Na}} são os potenciais de reversão de potássio e de sódio, respectivamente, e g l {\displaystyle g_{l}} e V l {\displaystyle V_{l}} são a condutância de vazamento por unidade de área e potencial de reversão de vazamento, respectivamente. Os elementos dependentes do tempo desta equação são V m {\displaystyle V_{m}} , g N a {\displaystyle g_{Na}} , e g K {\displaystyle g_{K}} , sendo que os dois últimos também dependem explicitamente da tensão V m {\displaystyle V_{m}} .

Caracterização da corrente iônica

Em canais de íons dependentes da voltagem, a condutância do canal é uma função de tempo e voltagem ( g n ( t , V ) {\displaystyle g_{n}(t,V)} ), enquanto no canal de vazamento, g l {\displaystyle g_{l}} é uma constante. A corrente gerada por bombas de íons é dependente das espécies iônicas específicas a essa bomba.

Canais de íons dependentes da voltagem

Usando uma série de experimentos de grampeamento de voltagem e variando as concentrações de sódio e potássio extracelulares, Hodgkin e Huxley desenvolveram um modelo no qual as propriedades de uma célula excitável são descritas por pelo sistema de quatro equações diferenciais ordinárias

{ I = C m d V m d t + g ¯ K n 4 ( V m V K ) + g ¯ Na m 3 h ( V m V N a ) + g ¯ l ( V m V l ) d n d t = α n ( V m ) ( 1 n ) β n ( V m ) n d m d t = α m ( V m ) ( 1 m ) β m ( V m ) m d h d t = α h ( V m ) ( 1 h ) β h ( V m ) h {\displaystyle {\begin{cases}I=C_{m}{\frac {{\mathrm {d} }V_{m}}{{\mathrm {d} }t}}+{\bar {g}}_{\text{K}}n^{4}(V_{m}-V_{K})+{\bar {g}}_{\text{Na}}m^{3}h(V_{m}-V_{Na})+{\bar {g}}_{l}(V_{m}-V_{l})\\{\frac {dn}{dt}}=\alpha _{n}(V_{m})(1-n)-\beta _{n}(V_{m})n\\{\frac {dm}{dt}}=\alpha _{m}(V_{m})(1-m)-\beta _{m}(V_{m})m\\{\frac {dh}{dt}}=\alpha _{h}(V_{m})(1-h)-\beta _{h}(V_{m})h\end{cases}}} ,

em que I {\displaystyle I} é a corrente por unidade de área, e α i {\displaystyle \alpha _{i}} e β i {\displaystyle \beta _{i}} são constantes de velocidade para o canal iônico de ordem i {\displaystyle i} , que dependem da voltagem, mas não do tempo. g ¯ n {\displaystyle {\bar {g}}_{n}} é o valor máximo da condutância. n {\displaystyle n} , m {\displaystyle m} , e h {\displaystyle h} são valores adimensionais entre 0 e 1 que estão associados com a ativação do canal de potássio, a ativação dos canais de sódio, e a inativação do canal de sódio, respectivamente. Para p = ( n , m , h ) {\displaystyle p=(n,m,h)} , α p {\displaystyle \alpha _{p}} e β p {\displaystyle \beta _{p}} assumem a forma

α p ( V m ) = p ( V m ) / τ p β p ( V m ) = ( 1 p ( V m ) ) / τ p {\displaystyle {\begin{aligned}\alpha _{p}(V_{m})&=p_{\infty }(V_{m})/\tau _{p}\\\beta _{p}(V_{m})&=(1-p_{\infty }(V_{m}))/\tau _{p}\end{aligned}}} ,

em que p {\displaystyle p_{\infty }} e ( 1 p ) {\displaystyle (1-p_{\infty })} são os valores de estado estacionário para a ativação e inativação, respectivamente, e são geralmente representados por equações de Boltzmann como funções de V m {\displaystyle V_{m}} . No artigo original por Hodgkin e Huxley,[1] as funções α {\displaystyle \alpha } e β {\displaystyle \beta } são dadas por

α n ( V m ) = 0.01 ( 10 V ) exp ( 10 V 10 ) 1 α m ( V m ) = 0.1 ( 25 V ) exp ( 25 V 10 ) 1 α h ( V m ) = 0.07 exp ( V 20 ) β n ( V m ) = 0.125 exp ( V 80 ) β m ( V m ) = 4 exp ( V 18 ) β h ( V m ) = 1 exp ( 30 V 10 ) + 1 {\displaystyle {\begin{array}{lll}\alpha _{n}(V_{m})={\frac {0.01(10-V)}{\exp {\big (}{\frac {10-V}{10}}{\big )}-1}}&\alpha _{m}(V_{m})={\frac {0.1(25-V)}{\exp {\big (}{\frac {25-V}{10}}{\big )}-1}}&\alpha _{h}(V_{m})=0.07\exp {\bigg (}-{\frac {V}{20}}{\bigg )}\\\beta _{n}(V_{m})=0.125\exp {\bigg (}-{\frac {V}{80}}{\bigg )}&\beta _{m}(V_{m})=4\exp {\bigg (}-{\frac {V}{18}}{\bigg )}&\beta _{h}(V_{m})={\frac {1}{\exp {\big (}{\frac {30-V}{10}}{\big )}+1}}\end{array}}} ,

em que V = V r e p V m {\displaystyle V=V_{rep}-V_{m}} denota a despolarização negativa em mV, com V r e p {\displaystyle V_{rep}} sendo o potencial de repouso do neurônio.

Em muitos programas de software atuais,[2] modelos do tipo Hodgkin–Huxley generalizam α {\displaystyle \alpha } e β {\displaystyle \beta } como

A p ( V m B p ) exp ( V m B p C p ) D p {\displaystyle {\frac {A_{p}(V_{m}-B_{p})}{\exp {\big (}{\frac {V_{m}-B_{p}}{C_{p}}}{\big )}-D_{p}}}}

Para caracterizar canais dependentes da voltagem, as equações podem ser ajustadas para os dados de grampeamento de voltagem. Resumidamente, quando o potencial de membrana é mantido a um valor constante (isto é, grampeamento de voltagem), para cada valor do potencial de membrana as equações não lineares de gating reduzem a equações da forma

m ( t ) = m 0 [ ( m 0 m ) ( 1 e t / τ m ) ] h ( t ) = h 0 [ ( h 0 h ) ( 1 e t / τ h ) ] n ( t ) = n 0 [ ( n 0 n ) ( 1 e t / τ n ) ] {\displaystyle {\begin{aligned}m(t)&=m_{0}-[(m_{0}-m_{\infty })(1-e^{-t/\tau _{m}})]\\h(t)&=h_{0}-[(h_{0}-h_{\infty })(1-e^{-t/\tau _{h}})]\\n(t)&=n_{0}-[(n_{0}-n_{\infty })(1-e^{-t/\tau _{n}})]\end{aligned}}} .

Assim, para cada valor de potencial de membrana V m {\displaystyle V_{m}} as correntes de sódio e de potássio podem ser descritas por

I N a ( t ) = g ¯ N a m ( V m ) 3 h ( V m ) ( V m E N a ) I K ( t ) = g ¯ K n ( V m ) 4 ( V m E K ) {\displaystyle {\begin{aligned}I_{\mathrm {Na} }(t)&={\bar {g}}_{\mathrm {Na} }m(V_{m})^{3}h(V_{m})(V_{m}-E_{\mathrm {Na} })\\I_{\mathrm {K} }(t)&={\bar {g}}_{\mathrm {K} }n(V_{m})^{4}(V_{m}-E_{\mathrm {K} })\end{aligned}}} .

De modo a chegar à solução completa para um potencial de ação propagado, deve-se escrever o termo da corrente I {\displaystyle I} no lado esquerdo da primeira equação diferencial em termos de V {\displaystyle V} , para que a equação se torne uma equação apenas da voltagem. A relação entre I {\displaystyle I} e V {\displaystyle V} pode ser derivada da teoria de cabos e é dada por

I = a 2 R 2 V x 2 {\displaystyle I={\frac {a}{2R}}{\frac {\partial ^{2}V}{\partial x^{2}}}} ,

em que a {\displaystyle a} é o raio do axônio, R {\displaystyle R} é a resistência específica do axoplasma, e x {\displaystyle x} é a posição ao longo da fibra nervosa. Substituir essa expressão para I {\displaystyle I} transforma o conjunto original de equações em um conjunto de equações diferenciais parciais, porque a voltagem se torna uma função de ambos x {\displaystyle x} e t {\displaystyle t} .

O algoritmo de Levenberg–Marquardt, um algoritmo de Gauss-Newton modificado, é frequentemente usado para ajustar essas equações aos dados do grampeamento de voltagem.[3][4]

Embora as experiências originais tratassem apenas os canais de sódio e de potássio, o modelo de Hodgkin-Huxley também pode ser estendido para explicar outras espécies de canais iónicos.

Canais de vazamento

Canais de vazamento representam a permeabilidade natural da membrana a íons e tomam a forma da equação de canais dependentes da voltagem, em que a condutância g l {\displaystyle g_{l}} é uma constante. Dessa forma, a corrente decorrente dos canais de vazamento I l {\displaystyle I_{l}} é dada por I l = g l ( V m V l ) {\displaystyle I_{l}=g_{l}(V_{m}-V_{l})} .

Bombas e trocadores

O potencial de membrana depende da manutenção dos gradientes de concentração iônica através da mesma. A manutenção destes gradientes de concentração requer o transporte ativo das espécies iônicas. As bombas de sódio-potássio (Na/K) e de sódio-cálcio (Na/Ca) são as responsáveis por manter esse equilíbrio. Algumas das propriedades básicas do trocador Na/Ca são bem estabelecidas: a estequiometria de troca de Na+ para Ca2+ é de 3:1, respectivamente, e o trocador é eletrogênico e sensível à voltagem. O permutador de Na/K também foi descrito em detalhe, com uma estequiometria de 3:2 entre os íons Na+ e K+, respectivamente.[5][6]

Propriedades matemáticas

O modelo Hodgkin-Huxley pode ser pensado como um sistema de equações diferenciais com quatro variáveis de estado, v ( t ) {\displaystyle v(t)} , m ( t ) {\displaystyle m(t)} , n ( t ) {\displaystyle n(t)} , e h ( t ) {\displaystyle h(t)} , que mudam em relação ao tempo t {\displaystyle t} . O sistema é de difícil estudo por ser um sistema não-linear, e não poder ser resolvido analiticamente. Porém, existem vários métodos numéricos disponíveis para analisar o sistema. A existência de certas propriedades e comportamentos gerais, como por exemplo ciclo limite, podem ser provados.

Simulação do modelo Hodgkin-Huxley em espaço de fase, em termos da voltagem v ( t ) {\displaystyle v(t)} e da variável de gating de potássio n ( t ) {\displaystyle n(t)} . A curva fechada é conhecida como ciclo limite.

Ciclo limite

Por existirem quatro variáveis de estado, visualizar o caminho no espaço de fase pode ser difícil. Normalmente, duas variáveis são escolhidas, a voltagem v ( t ) {\displaystyle v(t)} e a variável de gating de potássio n ( t ) {\displaystyle n(t)} , que permite visualizar o ciclo limite. No entanto, é preciso ter cuidado, pois este é um método ad hoc de visualizar o sistema quadri-dimensional. Isto não prova a existência do ciclo limite.

Uma projeção melhor pode ser construída a partir da análise cuidadosa da matriz jacobiana do sistema, quando este é avaliado no ponto de equilíbrio. Especificamente, os autovalores da matriz são indicativos da existência do ciclo limite. Da mesma forma, os autovetores da matriz revelam a orientação do ciclo limite. O modelo Hodgkin-Huxley tem dois autovalores negativos e dois autovalores complexos com parte reais levemente positivas. Os autovetores associados com os dois autovalores negativos irão reduzir a zero conforme o tempo t {\displaystyle t} cresce. Os dois autovetores complexos remanescentes definem o ciclo limite. Em outras palavras, o sistema quadri-dimensional colapsa em um plano bidimensional. Qualquer solução começando fora do ciclo limite irá decair em direção a ele.

A voltagem v ( t ) {\displaystyle v(t)} (em milivolts) do modelo Hodgkin-Huxley, em um período de 50 milisegundos. A corrente injetada varia de −5 nanoampères à 12 nanoampères. O gráfico passa por três estágios: uma fase de equilíbrio, uma fase de um disparo único e uma fase de ciclo limite.

Bifurcação

Se a corrente injetada I {\displaystyle I} for utilizada como um parâmetro de bifurcação, então o modelo de Hodgkin-Huxley passa por uma bifurcação de Hopf. Assim como a maioria dos modelos neuronais, aumentar a corrente injetada irá aumentar a razão de disparo do neurônio. Uma consequência da bifurcação de Hopf é que há uma razão mínima de disparo. Isso quer dizer que, ou o neurônio não está disparando (com uma frequência zero), ou está disparando à razão mínima de disparo. Por conta da lei do tudo-ou-nada, não há um aumento gradual na amplitude do potencial de ação, mas sim um súbito "salto". A transição resultante é conhecida como canard.

Melhorias e modelos alternativos

O modelo de Hodgkin-Huxley é considerado uma das grandes realizações da biofísica do século 20. No entanto, os modelos do tipo Hodgkin-Huxley modernos foram aprimorados em vários aspectos importantes:

  • Populações adicionais de canais iônicos têm sido incorporadas com base em dados experimentais.
  • O modelo de Hodgkin-Huxley foi modificado para incorporar a teoria do estado de transição e produzir modelos de Hodgkin-Huxley termodinâmicos.[7]
  • Modelos frequentemente incorporam geometrias altamente complexas de dendritos e axônios, muitas vezes com base em dados de microscopia.
  • Modelos estocásticos de comportamento dos canais de íons, levando a sistemas híbridos estocásticos.[8]

Vários modelos neuronais simplificados também têm sido desenvolvidos (tal como o modelo FitzHugh-Nagumo), facilitando a simulação em larga escala eficiente dos grupos de neurônios, bem como uma visão matemática na dinâmica da geração do potencial de ação.

Ver também

Referências

  1. a b Hodgkin, A. L.; Huxley, A. F. (1952). «A quantitative description of membrane current and its application to conduction and excitation in nerve». The Journal of Physiology. 117 (4): 500–544. PMC 1392413Acessível livremente. PMID 12991237. doi:10.1113/jphysiol.1952.sp004764 
  2. Nelson ME (2005) Electrophysiological Models In: Databasing the Brain: From Data to Knowledge. (S. Koslow and S. Subramaniam, eds.) Wiley, New York, pp. 285–301
  3. Marquardt, D. W. (1963). «An Algorithm for Least-Squares Estimation of Nonlinear Parameters». Journal of the Society for Industrial and Applied Mathematics. 11 (2): 431–000. doi:10.1137/0111030 
  4. Levenberg, K (1944). «A method for the solution of certain non-linear problems in least squares». Qu. App. Maths. 2. 164 páginas 
  5. Rakowski, R. F.; Gadsby, D. C.; De Weer, P. (1989). «Stoichiometry and voltage-dependence of the sodium pump in voltage-clamped, internally-dialyzed squid giant axon». J. Gen. Physiol. 93: 903–941. doi:10.1085/jgp.93.5.903 
  6. Hille, Bertil (2001). Ion channels of excitable membranes 3. ed. Sunderland, Massachusetts: Sinauer. ISBN 9780878933211 
  7. Forrest MD (maio de 2014). «Can the Thermodynamic Hodgkin–Huxley Model of Voltage-Dependent Conductance Extrapolate for Temperature?». Computation. 2 (2): 47–60. doi:10.3390/computation2020047 
  8. Pakdaman, K (2010). «Fluid limit theorems for stochastic hybrid systems with applications to neuron models». Adv.Appl.Proba. 43.