José Machado de Serpa

José Machado de Serpa
José Machado de Serpa
Nascimento 9 de março de 1864
Prainha
Morte 17 de dezembro de 1945
Horta
Cidadania Portugal, Reino de Portugal
Alma mater
  • Universidade de Coimbra
Ocupação magistrado, político, escritor
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José Machado de Serpa (Prainha do Norte, ilha do Pico, 9 de Março de 1864 — Horta, 17 de Dezembro de 1945) foi um magistrado, escritor, jornalista e político açoriano que, entre outras funções, foi deputado, senador, governador civil do Distrito da Horta (1910-1911), sendo o primeiro titular do cargo após a implantação da República Portuguesa.[1][2]

Biografia

Nasceu na Prainha do Norte, filho de José António de Serpa e de Isabel Olinda Leal de Serpa. Ainda criança, mudou-se com seus pais e irmãos para a cidade da Horta, ilha do Faial, cujo Liceu frequentou de 1874 a 1880. Ingressou na Universidade de Coimbra em 1881, onde esteve cinco anos, concluindo a sua formatura em Direito, com habilitação para magistrado, em 1886.[1]

Ainda estudante em Coimbra publicou uma obra sobre a pesca nas ilhas do Faial e Pico[3], obra de pendor etnográfico importante para o estudo das comunidades piscatórias açorianas.

Terminado o curso foi nomeado sub-delegado do Procurador Régio na Tribunal da Boa Hora, na cidade de Lisboa, mas pouco depois foi nomeado conservador do Registo Predial da Ribeira Grande e juiz municipal do julgado do Nordeste, na comarca da Vila da Povoação, na ilha de São Miguel. Enquanto exerceu funções na vila do Nordeste publicou uma monografia sobre aquela vila e o seu termo[4].

Em Maio de 1890 foi nomeado delegado do Procurador Régio na comarca da Horta, ilha do Faial, cargo que exerceu durante cerca de 20 anos. Republicano, em Outubro de 1910 foi nomeado governador civil do Distrito da Horta, sendo o primeiro nomeado para o cargo após a implantação da República em Portugal.

Em Abril de 1911 deixou as funções de governador civil por ser eleito deputado à Assembleia Constituinte (1911), participando activamente na elaboração da Constituição Política da República Portuguesa de 1911. Com a entrada em vigor da constituição republicana, foi eleito senador, funções que exerceu ao longo da Primeira República Portuguesa. Manteve-se na actividade política até ao golpe de 28 de Maio de 1926, retirando com o advento da Ditadura Nacional e do subsequente Estado Novo.

Entretanto, no prosseguimento da sua carreira como magistrado, foi nomeado juiz de direito em Santa Cruz das Flores e depois em Bragança, mas não exerceu os cargos por entretanto ser membro do Congresso da República.

Na cidade da Horta dedicou-se ao jornalismo e aos estudos etnográficos. Naquela cidade, fundou e dirigiu o semanário político A Folha Insulana (1888), de publicação efémera. Deixou vasta colaboração dispersa pela imprensa faialense, com estaque para os seus escritos de temática etnográfica, que intitulou Vocabulário Regional, reunidos em livro em 1987[5].

O nome do senador Machado Serpa foi incluído na toponímia da sua freguesia natal da Prainha, da cidade da Horta, da vila da Madalena do Pico, da vila de São Roque do Pico, da vila das Lajes do Pico e da freguesia da Fazenda (Lajes das Flores).

Notas

  1. a b «Retalhos da nossa história – LXXXI: "Governador Dr. José Machado de Serpa"». www.tribunadasilhas.pt .
  2. «Ermelindo Ávila: "A minha nota: Dr. José Machado de Serpa (150.º aniversário do seu nascimento)"». www.diariodosacores.pt .
  3. A indústria piscatória nas ilhas do Fayal e do Pico. Coimbra: Imprensa Académica, 1886.
  4. Notícia sobre a vila do Nordeste. Ponta Delgada, Typ. Popular, 1889.
  5. A Fala das Nossas Gentes. Ponta Delgada, Signo, 1987.

Principais obras publicadas

  • 1886 — A indústria piscatória nas ilhas do Fayal e do Pico. Coimbra, Imprensa Académica.
  • 1889 — Notícia sobre a vila do Nordeste. Ponta Delgada, Typ. Popular.
  • 1987 — A Fala das Nossas Gentes. Ponta Delgada, Signo (colectânea dos textos publicados na imprensa faialense).

Bibliografia

  • José Miguel Sardica, "Um Açoriano entre três regimes políticos. José Machado de Serpa (1864-1945)". Boletim do Núcleo Cultural da Horta, n.º 19, pp. 179–224. Horta, 2010.
  • Manuel Greaves, Outras Histórias que ouvi. Horta, 1958
  • Ernesto Rebelo, "Notas açorianas. Escritores e homens de letras". Arquivo dos Açores. Ponta Delgada, Universidade dos Açores, IX: 30-31.

Ligações externas

  • José Machado de Serpa na Enciclopédia Açoriana
  • A acção de Machado Serpa no Senado


Controle de autoridade
  • v
  • d
  • e
Monarquia
Constitucional
António José Joaquim de Miranda  • António Mariano de Lacerda • António Joaquim Nunes de Vasconcelos • Francisco de Paula de Vilas Boas • António José Vieira Santa Rita (1.ª vez) • Rodrigo de Sousa Coutinho Teixeira de Andrade Barbosa, conde de Linhares • António José Vieira Santa Rita (2.ª vez) • José Cupertino da Fonseca e Brito • António José Vieira Santa Rita (3.ª vez) • Nicolau Anastácio de Bettencourt (1.ª vez) • Francisco Maria de Freitas Jácome • Joaquim José Pereira da Silveira e Sousa • Nicolau Anastácio de Bettencourt (2.ª vez) • Luís Teixeira de Sampaio • António José Vieira Santa Rita (4.ª vez) • Júlio de Castilho, visconde de Castilho • António Maria de Oliveira • Manuel Francisco de Medeiros (1.ª vez) • Manuel Maria de Melo e Simas • António Patrício da Terra Pinheiro • Manuel Francisco de Medeiros (2.ª vez) • Manuel de Arriaga Nunes • Guilherme Read Cabral • José de Almeida de Ávila • Amâncio Rodolfo Pinheiro da Costa Ribeiro • António Emílio Severino de Avelar (2.ª vez) • Miguel António da Silveira • Diogo de Barcelos Machado Bettencourt • José Bressane Leite Perry, visconde de Leite Perry (1.ª vez) • António Joaquim Durães • Alfredo Borges da Silva (interino) • Francisco de Andrade Albuquerque • José Bressane Leite Perry, visconde de Leite Perry (2.ª vez) • Manuel António Lino • Augusto da Silva Carvalho Osório • João Joaquim André de Freitas • José Bressane Leite Perry, visconde de Leite Perry (3.ª vez) • João António Cochado Martins • António Emílio Severino de Avelar (2.ª vez)
Estandarte dos governadores civis
1.ª República
José Machado Serpa • Augusto Goulart de Medeiros • Edwiges Goulart Prieto • José Charters de Azevedo Lopes Vieira • António Emílio Severino de Avelar (3.ª vez) • Caetano Moniz de Vasconcelos • António Birne Pereira • António Luís Serrão de Carvalho • Fernando Joaquim Armas • Manuel Francisco Neves Júnior (1.ª vez) • Manuel da Câmara Velho Melo Cabral • Manuel Francisco Neves Júnior (2.ª vez) • António Mesquita • Luís Caldeira Mendes Saraiva • Manuel Francisco Neves Júnior (3.ª vez) • Gabriel Baptista de Simas (1.ª vez) • Manuel Francisco Neves Júnior (4.ª vez) • Gabriel Baptista de Simas (2.ª vez) • Carlos Alberto da Silva Pinheiro • Manuel Francisco Neves Júnior (5.ª vez) • Álvaro Soares de Melo • Joaquim Gualberto da Cunha Melo
Ditadura Nacional
António de Mendonça Monteiro • Alberto Goulart de Medeiros • Fernando Mouzinho de Albuquerque (Alto Comissário) • José Soares de Mesquita • Fernando da Costa • Augusto Pais da Graça de Almeida e Silva • Alfredo Sampaio • José Malheiro Cardoso da Silva
Estado Novo
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